O aumento global da resistência bacteriana pressionou mudanças no manejo da piodermite, a fim de combater o desenvolvimento de superbactérias e seu impacto na saúde animal e humana.
Superbactérias: o que são.
São bactérias resistentes a antibióticos, que adquirem mecanismos de resistência através de mutações genéticas ou transferência de genes entre diferentes espécies. Existem também as multirresistentes, que apresentam resistência a duas ou mais classes de antimicrobianos.
Piodermite e bactérias resistentes
Piodermite canina e felina é uma infecção bacteriana de pele, geralmente causada por Staphylococcus pseudintermedius, bactéria que reside na pele normal, mas pode se proliferar e causar infecção quando há desequilíbrio no microbioma cutâneo.
Nas últimas décadas, a disseminação global de S. pseudintermedius resistente à meticilina (MRSP) vem causando limitações ao tratamento, pois também são resistentes aos antibióticos mais utilizados para tratar piodermite (ex: cefalosporinas).
3 principais pilares no combate à resistência bacteriana
Prevenir piodermites recorrentes
A piodermite canina e felina frequentemente é secundária a uma doença de base, como doenças alérgicas. O tratamento da condição primária é fundamental para prevenir quadros de piodermite recorrente e evitar o uso excessivo de antibióticos.
Reduzir o uso de antimicrobianos
Tratamento tópico único ou adjuvante à antibioticoterapia sistêmica, com produtos antissépticos como shampoo e spray de clorexidina, ajuda a reduzir o uso de antibióticos e o tempo de recuperação.
Na escolha do antibiótico sistêmico, exames de citologia, cultura e antibiograma, auxiliam a identificação da bactéria e do antibiótico ao qual é sensível.
Otimizar o tratamento
Descubra como você pode ajudar a otimizar o tratamento para piodermite e reduzir o risco de resistência bacteriana:
– Siga corretamente as instruções, horários e dosagens prescritos pelo médico-veterinário.
– Não interrompa o tratamento antes do tempo, mesmo se o animal apresentar melhora.
– Não divida o antibiótico com outros animais e nem reutilize sobras de medicamentos.
– Comunique o médico-veterinário se o tratamento não for eficaz, pois pode haver envolvimento de bactéria resistente ou outra doença.
– Realize o passo a passo do Suporte Dermatológico na rotina diária, para manter a pele do pet hidratada e fortalecida, contribuindo com a recuperação mais rápida e prevenção de recorrência.
Piodermite é doença contagiosa?
Apesar de não ser considerada contagiosa, pode haver transferência de S. pseudintermedius a outros animais, em casa ou no ambiente clínico. Por isso, recomenda-se a higienização das mãos e do ambiente para prevenir a disseminação de bactérias resistentes.
Piodermite passa para pessoas?
Cães e gatos são preferencialmente colonizados por Staphylococcus pseudintermedius, enquanto que S. aureus é a espécie predominante em humanos.
Apesar do baixo risco de infecção de pessoas saudáveis por S. pseudintermedius, existe potencial impacto à saúde humana se houver transferência entre as bactérias de genes relacionados à resistência a antibióticos.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o uso indevido de antimicrobianos é um dos principais fatores no desenvolvimento de resistência bacteriana, considerada uma ameaça global à saúde e requer ação urgente.
Literatura consultada:
Hillier A, Lloyd DH, Weese JS, et al. Guidelines for the diagnosis and antimicrobial therapy of canine superficial bacterial folliculitis (Antimicrobial Guidelines Working Group of the International Society for Companion Animal Infectious Diseases). Vet Dermatol 2014.
Morris DO, Loeffler A, Davis MF, et al. Recommendations for approaches to meticillin-resistant staphylococcal infections of small animals: diagnosis, therapeutic considerations and preventative measures: Clinical Consensus Guidelines of the World Association for Veterinary Dermatology. Vet Dermatol 2017.
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